I
a parte que divide o que é
do que é pra ser
se perde nas histórias
no mundo das velhas feridas
e das novas memórias
II
encontram-se em fragmentos
debaixo das sombras e
atrás dos concretos -
escondidos no Paraíso,
e para entender o segredo de perto
é necessário chegar ao jardim
do passado
III
seja no cenário
japonês ou paulista
seja em cartas escritas traduzidas
por lábios leporinos
sobre amores entrelaçados
entre um, dois, três e mais
personagens d'uma peça
na vida real
num só capítulo
IV
e a tragédia de famílias
entre perdas e ganhos
é o abismo
crucial
V
de pouco em pouco
em similaridades ao oposto
o sol se põe em desacordo
a vida que morre
e a morte que nasce
da boca dos outros
("só os outros podem contar as histórias")
VI
"o melhor escritor é sempre o que nunca escreveu nada"
e é por isso que não se escreve
não se procura
imagina-se
descobre-se
e ouve
que o oposto parece conosco
através das histórias contadas.
Referência bibliográfica: CARVALHO, Bernardo. O sol se põe em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
21 maio, 2016
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