10 agosto, 2016

florilégio


já consigo compilar todos os seus conjuntos
sem complicar o desconhecido.
decoro cada traço, marca e risco
que condizem o seu verso.

me conduzo ao precipício
quando cedo aos meus relaxos
e concedo seus caprichos.

seu abismo é a superfície 
mais profunda.
cada pausa da sua fala
sugere suspiro
e suspeito de cada sorriso
e gesto
involuntários.

com as mãos
e pés avulsos,
alinho o vento
e deixo os astros
dos meus dedos
definirem minha insegurança
aos anéis de saturno.

toda cor que eu te encontro
se desfaz no meu jardim.
as mudas que às vezes 
planto
só dão frutos aos outros
e nunca florescem
sobre mim.

//esse é o meu esquadro.//

cada rastro que eu me perco
apago a luz 
transcendendo o medo.

não me importo
tudo é pranto.
seus detalhes são partes 
que observo sem notar.
o que me foge, no bloco 
anoto
o concreto é abstrair
o retrato de um conto
que eu canto 
enquanto choro.

toda água é limpeza
toda via
correnteza
de um talvez
desaguar.

a vida pede coragem,
já que a rosa exige espinhos.
a felicidade é reg(r)ada
da mesma água 
que percorre
o pacto da certeza,
entretanto,
na rodovia
compactuo um talvez
nos dias em que o sol
não pratica o seu reflexo lunar.

caio e corro,
o passo é sombra.
levanto o resto
de soslaio,
nos olhos cegos 
de ressaca.

se tenho vontade,
sinto fome de viver.
faço o prato
e tiro a mesa
pra logo depois
jogar os restos
lá na terra.

//todo o peso
é tarifado//

se
de toda merda
nasce flor,
alimento
eu adubo o tempo todo
pra colheita ter valor
mesmo sem ter nenhum
retorno.

a sua flor é o único pedaço
que compõe a inteira
natureza do meu desejo.
o amor é o efeito de cada passo
que eu cultivo
sem esperar que algum dia
seja (a)colhido
pelas mãos 
de quem procuro
e nunca acho
mas às vezes, 
finjo que 
em mim
(re)conheço.

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